domingo, 3 de abril de 2011

Ao amor antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

3 comentários:

Fabi disse...

Carlos Drummond de Andrade...
amor antigo que nos sufoca, e vira e mexe nos assusta.

Neila Grenzel disse...

Eu que o diga! Mas já to me acostumando com o susto, então, não me assusto mais tanto.

Karen Campos disse...

Adorei o teu blog, adoro poesias, estou te seguindo!
Retribui?
http://draestagiaria.blogspot.com/