terça-feira, 30 de abril de 2013

Não existe.

        Eu abri a porta de mim mesma para me explorar. De primeira me surpreendia a cada passo. Tudo escuro, do jeito que eu gosto. Me dava um arrepio o assovio do vento, mas era uma coisa gostosa. O silêncio era confortante, só a poeira que incomodava, e estava cheio de não sei o que, tropecei muito até conseguir ligar a luz.
        Finalmente cheguei ao interruptor, e quando liguei a luz, uma surpresa: não tinha nada com o que me surpreender. Nada de novo, nada de engraçado, nenhuma lembrança velha para eu ficar brincando. Estava cheio sim, mas de entulho. Coisas afiadas que eu fui brincar algum dia e me machucaram, e guardei por medo de ter por perto. 
        Olhava tudo me indagando a cada segundo. Não achava motivo para tudo aquilo. Por que guardar coisas que eu não uso? Para que ter um lugar para guardar coisas já inúteis? Não achei as respostas.
        O silêncio começou me incomodar. Desliguei a luz, estava prestas a sair, quando penso que fiquei pálida. Não havia de saber, já estava escuro de novo. A sensatez me caiu e percebi que toda aquela falta de motivo era a respeito de mim. Aquilo era eu.

Um comentário:

Léo disse...

É bom passear por nós mesmos as vezes, redescobrir quem somos.
Um abraço.